Escrito na sujidade da minha mão
Com o sangue que cuspi na alvorada
Vive o verso que vozeia esta espada.
Não sou feito de fieis emoções,
Nem de hirtos sentimentos,
Sou pura carne viva em tormentos.
Suores e lágrimas traçam o meu ser
Com todas as fadigas e solidões,
Como se fosse um mar de explosões.
Vivo debaixo da canalha cuspidora.
Porque respiro o ar que ela não respira,
Porque o meu sol corrompe a mentira.
E nas minhas costas marcado a fogo,
Permanece convicto e incandescente
O meu poema de voz que não se sente.
A Dança
Um ponto de luz distorcia a Treva.
Iluminados como astros em um grande teatro, um casal graciosamente dançava ao som de uma melodia ainda não concebida (pois onde não há nada, em algum momento haverá de existir algo). Eles estavam conscientes de que esta seria sua última dança neste espetáculo, conheciam seu pecado e sabiam que deveriam pagar por ele.
Nunca quis ser isto,
O papel rasgado,
Nem queria ser visto,
Pelo olhar atrofiado.
Pobre cão sujo
Que suspira solidão,
De onde eu não fujo
E sobrevivo em vão.
Ontem olhos viram,
Hoje olhos choraram,
Ouvidos entupiram,
Corações estatelaram.
Nunca quis, não quero
Ser o cão que falece
Só, magoado mas sincero
Do adeus que não esquece.
É quando as palavras secam
Que o vento é mais frio,
E toda a água foge do rio.
É quando os olhares baixam
Que a chuva resiste,
E a mentira desiste.
Mil metamorfoses
E ninguém sentiu.
Só o cão, que não par
Que tal, moça, o tom desta estância
Que tal força na estrofe venha te renovar?
Que tal se resulta nesta sempre mesmice,
E quem tal se refaça da abruta velhice?
Que tal é a paisagem da cidadela sorridente?
Quem tal são os poucos que habitam nela?
Que tal o tremular do lume na vela
Assim tal constante, inquietante e indolente?
Que tal disse antes o arteiro da guerra?
Quem é o tal que repousa no momento?
Que tal é o explodir do pacifista
E ter o mal no silêncio do letrista?
Que tal o agora voltar ao seu presente?
Que tal atear flores no meu quintal?
Que tal ver um filme a partir do
Poema da falta de sustento by herculanonovaes, literature
Literature
Poema da falta de sustento
Poema da falta de sustento e/ou dos sentimentos egocêntricos
Quando chora, e chora
Se chora pela mora
o argumento é válido agora
Mas se finge que chora
e não se preocupa com a demora
tampouco com a hora
certamente a situação piora
e a lucidez vai embora.
11 horas e 57 minutos de 15 de fevereiro de 2011.
O Beijo
Ali estivemos, mais uma vez.
Num tempo que parece infinito
ao mesmo tempo que parece durar apenas 5 segundos...
É muito, é pouco, não sei.
Tinha algo a dizer,
mas as palavras ficaram na garganta.
Tinha algo a fazer,
mas as acções não saíram do cérebro.
E então ali estaremos, mais uma vez,
só mais uma... Ou então não.
Deixa-me tentar outra vez.
Desta vez eu prometo que o faço...
A coisa mais fácil para um crítico é comentar sobre uma filme da Pixar, ela consegue atingir todos os públicos, desde os mais velhos até os mais jovens. Consegue simpatizar as ideias mais absurdas e emocionar até os mais frios e incrédulos.
Ratatouille consegue tornar graciosa a ideia de um rato dentro de uma cozinha, com um filme fantástico, emocionante e muito reflexivo.
Remmy é um rato diferente dos demais, ele adora cozinhar, certo dia ele descobre que está em Páris e encontra o restaurante do seu falecido ídolo, o chef Augusto Gustous. O jovem Linguini descobre os dons do rato
Em uma sala vazia, uma pessoa. by peepson, literature
Literature
Em uma sala vazia, uma pessoa.
Em uma sala vazia.
Uma só pessoa havia.
Em uma pessoa tão vazia.
Uma só coisa importaria.
Em uma sala vazia.
Uma só coisa se via.
Em uma coisa tão vazia.
Uma só frase se enxergaria.
Em uma sala vazia.
Uma só frase se ouvia.
Em uma frase tão vazia.
Uma só mentira se perceberia.
Em uma sala vazia.
Uma só mentira se aceitaria.
Em uma mentira tão vazia.
Uma só pessoa importaria.